Morro do Castelo

Não obstante as primeiras referências, acerca da presença de boticários no Brasil, datarem do século XVI, relevância maior logrou a profissão farmacêutica em nosso país somente a partir de 1808 com o desembarque em terras brasileiras da família real portuguesa.

 

Sentindo a necessidade de se organizar um serviço de saúde que pudesse assistir às tropas dos reais exércitos sediados em nossa Pátria, bem como toda a corte, D.João VI sancionou o Decreto de 21 de maio de 1808 no qual criava a Botica Real Militar, situada no Hospital Militar e da Marinha, no Morro do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro.

Botica Real Militar

Esta botica veio a constituir-se na célula mater do atual Laboratório Químico Farmacêutico do Exército. Com o passar dos anos já então designado Laboratório Farmacêutico, transfere sua sede do Morro do Castelo para a rua Evaristo da Veiga, no centro do Rio; nesta época, encontrava-se, na sua direção o então alferes farmacêutico Augusto César Diogo, militar ilustre, dinâmico e conceituado profissional, que reestruturou o Laboratório como verdadeiro órgão industrial com ampliação da linha de produção de medicamentos. Foi considerado na época o grande avanço tecnológico da incipiente Indústria Farmacêutica Nacional.

 

 

O Laboratório Químico Farmacêutico do Exército foi, durante décadas, o mais importante centro irradiador de cultura e de pesquisa das ciências farmacêuticas, tanto na área industrial, quanto nas análises clínicas, tornando-se merecedor de vários diplomas e medalhas conquistadas, com destaque para: Exposição Nacional de 1875, em Petrópolis RJ - Medalha de Progresso; Exposição Internacional da Filadélfia EUA em 1876 - Medalha de Honra; Exposição Internacional de Chicago, Illinois EUA, em 1893 obtendo a Medalha de Mérito Especial; Exposição Nacional de 1908, ano de seu centenário, na cidade do Rio de Janeiro, Capital Federal, conquistou a Medalha de Ouro e o diploma de Grande Prêmio; 4o Congresso médico Latino Americano realizado na Colômbia em 1909,conquistou a Medalha de Grande Prêmio e em 1911 na Exposição de Higiene Social realizada em Roma - Itália, recebeu Medalha de Grande Prêmio e Medalha de Prata respectivamente. Foram diversas premiações em exposições nacionais e no exterior.

Em seus quadros, profissionais de alto gabarito se destacaram no cenário farmacêutico, tais como: General de Divisão Farmacêutico AUGUSTO CEZAR DIOGO (primeiro Diretor efetivo 1877 a 1901), General de Brigada Farmacêutico ALFREDO JOSÉ ABRANTES (terceiro Diretor efetivo 1904 a 1919), Major Farmacêutico JOSÉ BENEVENUTO LIMA (autor de várias obras de cunho científico, por exemplo: “Memorandum de Pharmacologia e Therapêutica”/adotado oficialmente pelo serviço de saúde do Exército à época), Major Farmacêutico VIRGÍLIO LUCAS (autor de várias obras como: incompatibilidades medicamentosas e dicionário de sinônimos químicos e farmacêuticos), e o Tenente Farmacêutico RODOLPHO ALBINO DIAS DA SILVA, este sem dúvida um dos maiores vultos da farmácia brasileira, tendo sido o autor da 1ª Farmacopéia Brasileira e membro titular da Academia Nacional de Medicina.

 Antiga sede do LQFEx na Rua Evaristo da Veiga
A partir da década de 20, uma nova fase áurea se descortina para o Laboratório, com o funcionamento em suas instalações de vários cursos ministrados na cadeira de Química e Farmacotécnica por farmacêuticos militares. Sob a orientação do Coronel PÉPIN LEHALLEUR, além da participação de renomados profissionais da Europa que integravam a Missão Militar Francesa, que tantos benefícios trouxe à cultura brasileira, foi realizado nas dependências do Laboratório o Curso de Química e Aperfeiçoamento de Farmacêuticos

Devido a seu crescimento vertiginoso, transfere-se em 1939 para este endereço; a rua Licínio Cardoso, bairro de Triagem, Rio de Janeiro, em moderno prédio, construído especialmente para abrigar o pioneiro da Indústria Farmacêutica Nacional.

 

Atual Sede do LQFEx

Em 1972, pode novamente o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército demonstrar todo o seu potencial ao engajar-se juntamente com outros laboratórios da rede oficial na produção de medicamentos para a recém-criada Central de Medicamentos (CEME), sendo seu maior produtor, tendo nessa fase inicial emprestado suas formulações e nomes de seus produtos.


 

O LQFEx, além da sua finalidade em suprir as Organizações Militares do Exército em todo território nacional, teve notável participação ao longo de sua existência com o suprimento de medicamentos e material de uso hospitalar em missões no exterior, tais como: Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870), 1ª e 2ª Guerras Mundiais, das Forças de Paz da ONU e OEA (Suez, Moçambique, Angola, Timor, Haiti e São Domingos).

Neste momento, em que completa 215 anos de história, o LQFEx encontra-se diante de um grande desafio, sem dúvida, um dos mais importantes de toda sua trajetória, que trata da finalização do processo de transferência de tecnologia do MICOFENOLATO DE SÓDIO, importante medicamento imunossupressor empregado na farmacoterapia de pacientes transplantados de rim, fígado e coração. Desde 2012, o LQFEx tem sido atuante nessa Parceria para o Desenvolvimento Produtivo coordenado pelo Ministério da Saúde e que conta com as parcerias das indústrias privadas: laboratório EMS, responsável pela transferência de tecnologia de fabricação e farmoquímica NORTEC, responsável pela nacionalização do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA).

Por meio das inovações tecnológicas criadas por colaboradores talentosos e empreendedores e em comum observância aos aspectos de vigilância sanitária, o LQFEx por intermédio da inovação e pela primazia da qualidade dos seus produtos, trabalha para a adequação da área de cosméticos com vistas a criar o ambiente ideal para a fabricação do REPELENTE GEL, e também nos estudos da nova formulação do MULTIVITAM, agora na forma de suplemento alimentar; produtos considerados estratégicos e de interesse não só do Exército como das Forças coirmãs.

 

Na atual conjuntura, apesar da sua indiscutível relevância e estratégia, o LQFEx possui inúmeros desafios, em razão de suas especificidades e da sua constante necessidade de renovação e aperfeiçoamento, tudo isso ainda aliado ao fato de um intenso e dinâmico ambiente regulatório de vigilância sanitária que rege a indústria farmacêutica e que acarreta em vultuosos investimentos para a devida manutenção de suas instalações prediais, seu parque fabril e seu portfólio de medicamentos e produtos de defesa.

Nesse contexto, mesmo diante de tantos desafios, o LQFEx, por intermédio de seus profissionais, militares e civis, tanto da área técnica quanto da área administrativa, que aqui se dedicam integralmente, mantém-se firmes e fortes, desempenhando suas atribuições com desenvoltura, afinco e profissionalismo, com foco e resiliência para mitigar os óbices e alcançar os objetivos propostos.

LQFEx: PIONEIRISMO, TRABALHO, DESENVOLVIMENTO.